Se um alienígena resolvesse passar por aqui neste belo domingo, em que choveu no cerrado brasileiro, para assistir São Paulo x Grêmio, poderíamos esperar uma conversa assim (traduzida para o Português):
–Mãe, vou dar um pulo lá na Terra assistir um esporte que os terráqueos chamam futebol, logo volto, vou pelo buraco de minhoca da M33, okay?
–Tudo bem, meu filho, mas pega o da Andrômeda que é mais seguro. E não vai beber, você acabou de tirar a carta intergaláctica!
Camuflado de um animal saltitante, passaria despercebido. Sem grandes conhecimentos sobre futebol, analisaria o estilo de jogo do Grêmio e, sabendo da existência de outros jogos, concluiria que o estilo era o pinball: a bola bate e volta, bate e volta. Tanto na defesa, quanto no ataque. O E.T. adolescente voltaria confuso, sem entender como o time saltitante pode ter perdido o jogo, se o dominou por todo tempo. Jogou melhor, fez triangulações, boas infiltrações, mas não adiantou. Quem saiu com a vitória, enfim, foram os de azul, que tiveram seu melhor jogador da partida embaixo das traves: o gigante goleiro Dida.
O gigante fechou o gol e garantiu a vitória. Foto: Roberto Vazquez/Futura Press/Estadão Conteúdo
Mais um jogo sofrido, doído, masoquista. O Santo lançou o 4-3-3 novamente, sem muitas alternativas. É um esquema bom, embora nossos laterais sejam fracos marcadores. Seria melhor se funcionasse: os dois atacantes rápidos não fazem o trabalho de meio-campo e o centro-avante, lento, parece uma barata bêbada. O que se viu, então, foi um buraco-negro entre a defesa e o ataque, pelo qual nosso etezinho poderia voltar para casa. Pelo menos, tinha pouca gravidade e não atraía a bola dos incontáveis balões emitidos por nossos habilidosos zagueiros.
Isso revela uma verdade que não podemos esconder com a vitória: jogamos mal outra vez. Não, ao meu ver não é jogando mal que se ganha campeonato. Passar os jogos esperando por uma bola de sorte é loucura, seria uma estratégia burra demais. Esse esquema é interessante, embora os jogadores ainda estejam com o 3-5-2 na cabeça; pode dar certo realmente se Barcos jogar como centro-avante, Gladiador e Vargas fizerem melhor essa alimentação. Porém, temos outros jogadores importantes e não gosto de ver o Santo queimar jogadores como já aconteceu esse ano, é mesquinho demais.
A efetividade de um esquema bem definido, em detrimento de um esquema seja-o-que-deus-quiser, é sempre preferível. O Santo já mostrou que não é tão teimoso assim. Também não podemos nos agarrar no dogma do jogo feio; é quase fim do ano e ainda precisamos encaixar.
Tudo indica que a rodada nos favorece. Tem muito chão nessa estrada e acredito que podemos caçar o Cruzeiro, contando que 3 pontos dessa diferença precisamos tirar no confronto direto. É muito possível, desde que organizemos nosso estilo de jogo que mais parece a cabeça de um esquizofrênico.
Pra não dizer que não falei de flores: houve um pênalti não marcado a favor dos saltitantes. Bah, que pena.