O que vi no jogo de hoje

Vontade e comprometimento.
Raça e ousadia.
Imposição e habilidade.
Emoção.

Um Saimon bandido.
Um Bressan, capitão, solando.
Um Alan Ruíz arrematador.
Um Lucas Coelho finalizador.
Um Marcelo Grohe milagroso.
Um cara chamado Otamendi.

Mas acima de tudo, vi uma quebra da lógica de jogo. Sabendo que entramos com quase todo time reserva e Atlético-MG não, o esperado era um jogo difícil para nós, em que teríamos que encontrar um golzinho perdido pelos cantos da Arena. Já nos primeiros minutos aconteceu o oposto, impusemos uma correria com qualidade e muita disposição na marcação, a gurizada surpreendeu.

A diferença na atuação do grupo reserva foi justamente deixar de lado aquele estilo forçado e previsível. Não há nada de muito especial em um bom time de futebol: basta fazer o básico bem feito. É recompor a marcação com rapidez e força, é tocar com precisão e correr para receber na frente, é ter jogada ensaiada para bolas paradas. A inesperada e excelente vitória de hoje acalma os corações dessa imensa torcida e fornece interessantes alternativas para o pequeno Ender.

alanruizHabemus collector, o super-habilidoso Alan Ruíz. (Foto: Ricardo Rímoli/LANCE!Press)

Abrimos o placar em cobrança de falta magistral de Alan Ruíz, como há muito tempo não víamos no Grêmio. Habemus collector. O comando da partida se manteve e em um passe fraco recuado para Victor, Lucas Coelho fez jus ao sobrenome e chegou antes, dando uma janelinha humilhante de pé trocado e entrando com bola e tudo. 2×0 era um placar especial praquelas condições, então naturalmente recuamos e passamos a marcar atrás do meio-campo. Aconteceram algumas imaturidades da piazada, principalmente dos laterais, mas nada que comprometesse o resultado. A partir daí, Ramiro foi o onipresente, Saimon e Bressan foram cangaceiros. No segundo tempo, cansados, mantivemos a marcação e fizemos contra-ataques com boa competência, algo inexistente entre os titulares, por mais que Dudu tenha se esforçado. E isso não foi só por Luan, também por Ruíz e Rodriguinho, que alimentaram o ataque. Embora o gol da pressão dos adversários, mantivemos a vitória.

Chego agora onde quero chegar: é capital acalmar os ânimos da torcida, que deve parar com tanta frescuragem. Sempre defendi a necessidade de mudar o conceito desse baile de técnicos que acontece no Brasil. Há uma miopia intolerante em que não se respeita história alguma, se esquece de vitórias há poucos jogos, se troca qualquer projeto razoavelmente bem planejado por uma ânsia infantil de vencer amanhã, ano que vem não importa. Sim, também fiquei puto com o GreNal, aquilo é inaceitável, mas trocar tudo não resolve. Estamos nessa ejaculação precoce há 13 anos, será que ainda não aprendemos? É preciso quebrar a lógica! Temos tudo pra isso nesse momento: necessidade de coerência financeira, técnico barato e razoavelmente competente, grupo que começa a entender o espírito do clube e, o mais importante, temos o único homem capaz de fazer isso no Grêmio, o Dr. Fábio André Koff. Só ele tem culhões suficientes para quebrar essa lógica e toda nação aceitar.

Além de projetos a longo prazo, precisamos de um Departamento de História do Clube, com agentes e psicólogos que transmitam a quem chega o que é o Imortal Tricolor, expliquem que espírito é esse, quem foram os nossos heróis e o que fizeram, avisem com devida veemência que não se leva mais que dois gols em GreNal – se acaba com o jogo antes disso, se luta até os 48′ do 2° tempo até que falte ar e as luzes escureçam frente aos olhos.

Ainda que uma tragédia aconteça e não superemos o San Lorenzo, time papal, torço para que o planejamento de longo prazo permaneça, com ações a médio e curto obviamente. Não quer dizer que novos atores não possam chegar, mas algo diferente do que está aí pode nos fazer maiores amanhã. É preciso quebrar a lógica e vamos pra cima, com toda nossa força, nossa imposição, porque somos maiores, somos imortais!

E para inspirar nossos jogadores-estrelas, a motivação da geração que já levou a Copa do Brasil Sub-15 e agora está na final da Sub-17:

 

Leave a comment